sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Conservadores e fascistas.

 

Então, eu sou forçado de novo a discutir a relação do fascismo com o conservadorismo: https://www.facebook.com/arroyopostagem/photos/a.112355530567848/112379940565407/, https://www.facebook.com/photo?fbid=3029709240442089&set=a.553389238074114.
Apesar dessa não ser a discussão que eu gostaria de ter com os libertários, já que eu tenho muito mais problemas, com a associação do livre mercado, o instrumento que trouxe maior progresso, e transformação para a humanidade, com um suposto conservadorismo assim como com a pauta cultural, e coletivismo da direita, que é de muitas formas incorporada, e seguida por muitas pessoas que teoricamente se admitem libertários.

Mas não, vocês me pediram para discutir fascismo, então vamos lá. Agora é importante esclarecer que primeiro estou descrevendo principalmente a posição conservadora, e a direita, conforme tal era percebida no ancien regime. O regime mercantilista, de proteção de privilégios, posse da terra, garantia de força de trabalho, estrutura de classes, e situações de exploração por meio de força do estado, esse era o primeiro status quo, que conservadores buscaram preservar, em face do desafio liberal, seu discurso de liberdade, igualdade perante a lei, fim do imperialismo, e constantes guerras, assim como as ideias de laissez faire, que eram prevalentes na Europa do século 19. Eu não acho que os conservadores modernos, são radicalmente diferentes, mais individualistas ou libertários que tais figuras do século 19, mas vamos trabalhar com essa distinção por um tempo.  

Assim, se considerarmos, de um lado uma posição e esquerda, liberal do século 19, contrastada com um sistema absolutista, de poder dos monarcas, corporativismo, e participação do estado, e imperialismo, que era favorecido pelos conservadores, espero que minha associação dos conservadores ao nazifascismo faça mais sentido. Um evento importante nessa minha trajetória, se encontra no governo de Bismarck na Alemanha, que para mim demonstra a posição, e políticas que definiriam o conservadorismo, durante o século 20.  

A Alemanha sobre Bismarck, foi marcada por um enorme crescimento do estado, sua atuação sobre a economia, e sociedade. Agora um fenômeno interessante nesse crescimento, é que tal em parte foi direcionado a fins socialistas, direitos sociais, cooptação e incorporação de sindicatos ao estado, controle das classes trabalhadoras. Assim muitos trazem esse governo para uma orbita, e um exemplo do que seriam os exemplos das sociais democracias.

Agora os fins, que essa incorporação do estado sobre a economia tomaram, eram por demais incomuns, se considerarmos as ideias, e elementos principais do ideário socialista Tais faziam parte de um projeto nacionalista, de gloria, e conquista imperial, que Bismarck, e o povo alemão almejava, e veio a se dedicar por meio das conquistas militares no século 20. Ademais tal buscava abertamente, proteger os interesses, poder das elites colocadas, com um sistema corporativista, que dava benefícios as grandes empresas, buscava manter, e proteger exatamente os privilégios da aristocracia, burocratas, e grandes empresários da Alemanha da época.

Eu considero essa contradição, entre o projeto nacionalista de gloria e poder, militarismo, imperialismo, uma glorificação de elites e grandes empresários, e o fato que tais são chamados a participar do governo, com a abertura ao trabalhismo, direitos sociais, uma retorica populista, e apelo as massas, um elemento frequente no discurso conservador. O governo de Bismarck, se tornou em enorme medida um modelo, o qual foi seguido por grupos conservadores no mundo todo. Assim uma trajetória da direita, no século 20, e de muitos grupos que aderiram a um projeto conservador, apenas pode ser compreendido, na forma em que tais apoiaram, em enorme medida tanto as medidas estatistas da direita, quanto da esquerda. Assim foram diversos governos republicanos sobre os Estados Unidos, a Inglaterra sobre Churchill, e tais não podem ser tão simplesmente desvinculados da compreensão do conservadorismo.

Assim a partir do sentido que eu faço esse recorte da experiência conservadora, no século 20, que eu principalmente associo esse movimento ao nazifascismo. Nazismo principalmente se diferencia do comunismo, por principalmente não buscar abolir organizações, fora do estado, mas sim coopta-las como método para realizar seu poder sobre a sociedade. Foi exatamente isso que o nazismo realizou na Alemanha, principalmente abordando a família, propriedade privada, indústria, de modo aumentar o poder do estado sobre indivíduos. Uma análise mais cuidadosa de governos conservadores, observa que tais fizeram a mesma coisa. O estado regulatório, e o corporativismo do governo, não foi particularmente diferenciado do praticado em outros locais, aonde a indústria, iniciativa privada, e livre mercado, foi em enorme medida colocado para cumprir as necessidades do welfare state, e do complexo militar industrial estatal. Esta foi a realidade nos próprios Estados Unidos da América, a terra da liberdade dos conservadores.

Esta não é a única base para essa comparação, já que em sua maioria, os regimes nazifascistas se voltaram a cumprir exatamente o mesmo programa mercantilista, de gloria e poder nacional, imperialismo e dominação militar, que foi primeiramente movido por conservadores. O século 19 foi uma era de imperialismo, conquista militar, escravidão que em enorme medida era defendida por conservadores, na base de mitos de gloria, nacional. Estatismo, a utilização do estado nacional para obter benefícios, e exploração econômica de outros povos e grupos, foi em enorme medida um projeto conservador, que os nazistas apenas ressuscitaram. Da mesma forma que Bismarck tinha feito anteriormente, Mussolini criou direitos trabalhistas sim. Mas tais não eram parte de uma enorme preocupação, abertura ao socialismo desses grupos, mas sim um método para incorporar as massas, classe trabalhadora, e o próprio movimento trabalhista, a suas ideias de conquista e gloria nacional.

Aqui é importante entender uma discussão que o próprio Rothbard já colocou entre os fins conservadores e liberais.  Em termos de fins de grupos políticos, Rothbard elabora que liberais e socialistas, ambos aceitam os fins de maior liberdade, melhores padrões e qualidade de vida para as massas, razão, fim a guerras, possibilidade de coerção e violência. Agora o autor contrasta tais fins, aos dos conservadores, a defesa da religião, do status quo, da sociedade baseada em privilégios, imperialismo e nacionalismo. É interessante, pois em enorme medida, o nazifascismo compartilha os fins, desejo de controle, manutenção da ordem, autoridade, e gloria nacional com conservadores. A diferença principal, se encontra quanto a em que medida os conservadores estão dispostos a se utilizar de coerção, violência para alcançar tais fins.

Bom, esse texto está aleatório, e não indo a lugar nenhum. Mas meus pontos são, o nazifascismo é em enorme medida uma evolução do sistema corporatista, tentativa de formação de um governo para as elites, e que se utilizasse do estado para proteger seus interesses, regime característico de governos conservadores. Em enorme medida o projeto nacionalista, de exaltação a violência, conquista e militarismo, que marcou o nazifascismo é herança dos próprios governos conservadores, que também atuaram exatamente nessa linha. E que a confusa defesa de direitos sociais, cooptação da sociedade, suas organizações e da sociedade civil ao estado, foi um projeto tanto conservador, quanto do fascismo na época. E essa é em grande medida minha base para a comparação.

Algo que é pouquíssimo levado a sério é a extrema ameaça que o coletivismo de direita representa no mundo atual. Da Na medida em que a glorificação ao militarismo e identidade nacional se manifestam, tais representam sérias ameaças a liberdade, que partem costumeiramente de conservadores, e os levam a fazer coro com fascistas, por isso minha recriminação e reclamação constante quanto a tais.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O problema do cálculo econômico sobre o socialismo.



Uma confusão muito comum na esquerda, se encontra na crença que o socialismo teria dado errado, principalmente pela emergência de regimes totalitários, que teriam pervertido o socialismo, destruindo a democracia. Uma análise mais cuidadosa, demonstra que a aparição de ditaduras, foi mais um sintoma, do que a real causa do fracasso de certos regimes.

Socialistas, ao aceitarem o controle governamental dos meios de produção enfrentam uma contradição inescapável. De um lado tais tinham os fins de maior liberdade, democracia, produtividade, elevação da qualidade de vida das pessoas, particularmente dos mais pobres. No entanto controle governamental dos meios de produção, torna impossível a realização desses fins. Com os meios de produção em posse do governo, não existe um mercado para meios de produção, não existindo um mercado, não existe um sistema de preços, capaz de alocar os meios de produção, conforme oferta e demanda, pelas necessidades das pessoas. O resultado logico aqui é o completo caos econômico.

Encarando a impossibilidade do socialismo em realizar seus próprios fins, a resposta de muitos regimes foi brutal. Os remanescentes da propriedade privada, e muitos dos ideais de liberdade e democracia, levaram a culpa pelas dificuldades que planejadores centrais encontravam em sua tarefa de reorganizar a sociedade. Essa resposta deu origem aos governos totalitários, e calamidades que observamos no socialismo histórico.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

O mito de laissez faire no século 19.

 

Talvez uma das mais interessantes lendas sobre o liberalismo, se encontra na narrativa encontrada tanto na esquerda quanto na direita, que já tivemos algo muito próximo a liberalismo completo, no século 19. Apesar de ser absurdo essa descrição da era em que prevaleceram diversas formas de estatismo, conquista colonial, e militar de amplas partes do mundo, escravidão, e em que inclusive a enorme maioria das pessoas, incluindo mulheres e diversos grupos, eram excluídas da participação política, e econômica. Essa é supostamente a era de ouro do liberalismo.


No entanto não é necessário ser um gênio, para compreender porque é politicamente útil tanto para direita quanto para a esquerda, manter esses mitos sobre o século 19. A esquerda, como nosso famoso garoto Jones Manoel adora fazer, pode descrever o liberalismo como o pior regime do universo, se utilizar dessa era de ouro para condenar completamente essas ideias políticas. Assim justificando o fato que tais precisam ser abandonadas, e destruídas no mundo contemporâneo.


Já a direita, pode se utilizar desse fantasma de um perfeito século 19, que deseja conservar, para com sua retorica de defesa do livre mercado, promover as exatas medidas que vão destruir liberdades, e impedir a realização de uma sociedade livre.


Agora é importante para liberais não caírem nesse jogo, e se imaginarem como os defensores do imperialismo britânico, ou das brilhantes realidades do século 19. Esse é o jogo, e debate que a esquerda deseja travar com vocês, com autores como Domenico Losurdo, enumerando as bilhões de mortes que teriam sido causadas pelo liberalismo. Logo é necessário entender como essa realidade, e passado, está completamente contra tudo que liberais defendem, e precisa ser criticada, e repudiada de todas as formas possíveis.

For Takver

Ancoms não são anarquistas.

  Marxistas e ancoms todos tem a pior ideia possível, de síntese entre a sociedade civil, e o estado. Tais não são estatistas em um sentido ...