Então, eu sou forçado de novo a discutir a relação do
fascismo com o conservadorismo: https://www.facebook.com/arroyopostagem/photos/a.112355530567848/112379940565407/,
https://www.facebook.com/photo?fbid=3029709240442089&set=a.553389238074114.
Apesar dessa não ser a discussão que eu gostaria de ter com os libertários, já
que eu tenho muito mais problemas, com a associação do livre mercado, o instrumento
que trouxe maior progresso, e transformação para a humanidade, com um suposto
conservadorismo assim como com a pauta cultural, e coletivismo da direita, que é
de muitas formas incorporada, e seguida por muitas pessoas que teoricamente se
admitem libertários.
Mas não, vocês me pediram para discutir fascismo, então
vamos lá. Agora é importante esclarecer que primeiro estou descrevendo
principalmente a posição conservadora, e a direita, conforme tal era percebida
no ancien regime. O regime mercantilista, de proteção de privilégios, posse da
terra, garantia de força de trabalho, estrutura de classes, e situações de
exploração por meio de força do estado, esse era o primeiro status quo, que
conservadores buscaram preservar, em face do desafio liberal, seu discurso de
liberdade, igualdade perante a lei, fim do imperialismo, e constantes guerras,
assim como as ideias de laissez faire, que eram prevalentes na Europa do século
19. Eu não acho que os conservadores modernos, são radicalmente diferentes, mais
individualistas ou libertários que tais figuras do século 19, mas vamos
trabalhar com essa distinção por um tempo.
Assim, se considerarmos, de um lado uma posição e esquerda,
liberal do século 19, contrastada com um sistema absolutista, de poder dos
monarcas, corporativismo, e participação do estado, e imperialismo, que era
favorecido pelos conservadores, espero que minha associação dos conservadores
ao nazifascismo faça mais sentido. Um evento importante nessa minha trajetória,
se encontra no governo de Bismarck na Alemanha, que para mim demonstra a
posição, e políticas que definiriam o conservadorismo, durante o século 20.
A Alemanha sobre Bismarck, foi marcada por um enorme
crescimento do estado, sua atuação sobre a economia, e sociedade. Agora um fenômeno
interessante nesse crescimento, é que tal em parte foi direcionado a fins
socialistas, direitos sociais, cooptação e incorporação de sindicatos ao estado,
controle das classes trabalhadoras. Assim muitos trazem esse governo para uma
orbita, e um exemplo do que seriam os exemplos das sociais democracias.
Agora os fins, que essa incorporação do estado sobre a
economia tomaram, eram por demais incomuns, se considerarmos as ideias, e
elementos principais do ideário socialista Tais faziam parte de um projeto
nacionalista, de gloria, e conquista imperial, que Bismarck, e o povo alemão
almejava, e veio a se dedicar por meio das conquistas militares no século 20.
Ademais tal buscava abertamente, proteger os interesses, poder das elites
colocadas, com um sistema corporativista, que dava benefícios as grandes
empresas, buscava manter, e proteger exatamente os privilégios da aristocracia,
burocratas, e grandes empresários da Alemanha da época.
Eu considero essa contradição, entre o projeto nacionalista
de gloria e poder, militarismo, imperialismo, uma glorificação de elites e
grandes empresários, e o fato que tais são chamados a participar do governo,
com a abertura ao trabalhismo, direitos sociais, uma retorica populista, e apelo
as massas, um elemento frequente no discurso conservador. O governo de
Bismarck, se tornou em enorme medida um modelo, o qual foi seguido por grupos
conservadores no mundo todo. Assim uma trajetória da direita, no século 20, e
de muitos grupos que aderiram a um projeto conservador, apenas pode ser compreendido,
na forma em que tais apoiaram, em enorme medida tanto as medidas estatistas da
direita, quanto da esquerda. Assim foram diversos governos republicanos sobre
os Estados Unidos, a Inglaterra sobre Churchill, e tais não podem ser tão
simplesmente desvinculados da compreensão do conservadorismo.
Assim a partir do sentido que eu faço esse recorte da experiência
conservadora, no século 20, que eu principalmente associo esse movimento ao
nazifascismo. Nazismo principalmente se diferencia do comunismo, por
principalmente não buscar abolir organizações, fora do estado, mas sim
coopta-las como método para realizar seu poder sobre a sociedade. Foi
exatamente isso que o nazismo realizou na Alemanha, principalmente abordando a família,
propriedade privada, indústria, de modo aumentar o poder do estado sobre indivíduos.
Uma análise mais cuidadosa de governos conservadores, observa que tais fizeram
a mesma coisa. O estado regulatório, e o corporativismo do governo, não foi
particularmente diferenciado do praticado em outros locais, aonde a indústria,
iniciativa privada, e livre mercado, foi em enorme medida colocado para cumprir
as necessidades do welfare state, e do complexo militar industrial estatal.
Esta foi a realidade nos próprios Estados Unidos da América, a terra da
liberdade dos conservadores.
Esta não é a única base para essa comparação, já que em sua maioria, os regimes nazifascistas se voltaram a cumprir exatamente o mesmo programa mercantilista, de gloria e poder nacional, imperialismo e dominação militar, que foi primeiramente movido por conservadores. O século 19 foi uma era de imperialismo, conquista militar, escravidão que em enorme medida era defendida por conservadores, na base de mitos de gloria, nacional. Estatismo, a utilização do estado nacional para obter benefícios, e exploração econômica de outros povos e grupos, foi em enorme medida um projeto conservador, que os nazistas apenas ressuscitaram. Da mesma forma que Bismarck tinha feito anteriormente, Mussolini criou direitos trabalhistas sim. Mas tais não eram parte de uma enorme preocupação, abertura ao socialismo desses grupos, mas sim um método para incorporar as massas, classe trabalhadora, e o próprio movimento trabalhista, a suas ideias de conquista e gloria nacional.
Aqui é importante entender uma discussão que o próprio Rothbard
já colocou entre os fins conservadores e liberais. Em termos de fins de grupos políticos,
Rothbard elabora que liberais e socialistas, ambos aceitam os fins de maior
liberdade, melhores padrões e qualidade de vida para as massas, razão, fim a
guerras, possibilidade de coerção e violência. Agora o autor contrasta tais
fins, aos dos conservadores, a defesa da religião, do status quo, da sociedade
baseada em privilégios, imperialismo e nacionalismo. É interessante, pois em
enorme medida, o nazifascismo compartilha os fins, desejo de controle,
manutenção da ordem, autoridade, e gloria nacional com conservadores. A diferença
principal, se encontra quanto a em que medida os conservadores estão dispostos
a se utilizar de coerção, violência para alcançar tais fins.
Bom, esse texto está aleatório, e não indo a lugar nenhum.
Mas meus pontos são, o nazifascismo é em enorme medida uma evolução do sistema
corporatista, tentativa de formação de um governo para as elites, e que se
utilizasse do estado para proteger seus interesses, regime característico de
governos conservadores. Em enorme medida o projeto nacionalista, de exaltação a
violência, conquista e militarismo, que marcou o nazifascismo é herança dos próprios
governos conservadores, que também atuaram exatamente nessa linha. E que a
confusa defesa de direitos sociais, cooptação da sociedade, suas organizações e
da sociedade civil ao estado, foi um projeto tanto conservador, quanto do
fascismo na época. E essa é em grande medida minha base para a comparação.
Algo que é pouquíssimo levado a sério é a extrema ameaça que
o coletivismo de direita representa no mundo atual. Da Na medida em que a
glorificação ao militarismo e identidade nacional se manifestam, tais
representam sérias ameaças a liberdade, que partem costumeiramente de
conservadores, e os levam a fazer coro com fascistas, por isso minha
recriminação e reclamação constante quanto a tais.