Então eu recebi uma resposta de um ótimo artigo denominado “os
conservadores são nazifascistas, pequeno erro, grande resposta”. Apesar de uma intrigante
analise sobre alguns fundamentos do conservadorismo, o texto falha em atacar
muitos dos pontos que levantei em texto anterior, e não compreendi a fundo, os
argumentos da crítica ao conservadorismo que busca responder.
A primeira parte que eu sempre questiono em discussão com a
enorme maioria dos conservadores, é a definição, e ideia que relacionam a esse
termo. Porque dizer que conservadorismo é uma atitude, forma de ver ou mundo,
conservar o que é bom, ou aquilo considerado positivo, é uma distinção que não
te permite avançar nem minimamente andar no diálogo. Você está postulando e
iniciando um debate a partir da base mais extensa, e possível de ser aplicado a
tudo possível. Sim ninguém literalmente se opõe a tentativa de conservar o que
dá certo, e funciona na sociedade. Manter tais coisas é quase um consenso que
qualquer pessoa racional concorda. Se essa básica definição do conservadorismo
como visão geral de mundo for universalizada (que eu acredito ser a ideia), tal
não serve para informar, ou distinguir absolutamente nada na política.
O texto também ataca a visão de conservadorismo como
imobilismo, famosamente apresentada por Hayek sem entender o real argumento, e
razão para pessoas acusarem o conservadorismo de ser unicamente baseado em medo
do passado. É inegável que o conservadorismo mudou desde a época de Burke, em
cada local ou contexto nos quais uma visão conservadora foi compreendida e
interpretada, esta assumiu características diferentes. Mas tais mudanças
aconteceram apesar, e de forma contraria ao que os conservadores em cada época defendiam.
O que desejo expressar por isso, é que conservadores se dispõem
a sempre defender os valores do presente, ou de 10, ou 20 anos atrás. No
entanto atualmente eles sempre atuam para conter o progresso, novidade, os
mesmos mecanismos de atuação espontânea, e sem coerção que criaram os próprios costumes,
e práticas que o conservador admira.
O imobilismo conservador, não significa como descrito no
texto, simplesmente defender os mesmos valores para sempre. Mas sim é marcado
por um imobilismo relativo, pois o progresso, forças capazes de causa mudança,
e novos rumos hoje são atacadas e recusadas por conservadores. Tais atuam
literalmente para manter a sociedade com a imagem, forma, e valores do hoje.
O texto de Lucas Macedo também tem o habito ruim de
equacionar filosofia política, com sua pratica, que era o foco do meu artigo.
Sim, conservadores no campo teórico se colocam como expressamente como
antipopulistas, e eu nunca descreveria o contrário. Agora o que marcou a
participação de partidos, e movimentos conservadores na política, sempre foi um
imenso populismo, apelo as massas, sentimentos e necessidades mais básicas da
população para governar.
Essa caracterização não é exclusiva do conservadorismo aqui,
mas a distinção é importante. O ponto em meu texto original busca literalmente
demonstrar que o populismo consistiu de uma inovação dentro do movimento
conservador em sua manifestação política. Com o crescimento de regimes democráticos,
se tornou também necessário a conservadores incluir as massas, sentimentos da
população no geral, em uma estratégia de poder. A defesa de direitos sociais em
tese contraria ao ideário conservador, também serviu a mesma função conforme
estabeleci em meu texto original
A relação que eu fiz do conservadorismo com a retorica e
atitude populista é intencional, e deliberada, e pelo menos para mim descreve
muito bem a atuação desse grupo na política. Ou pelo menos é que eu vejo,
quando os grandes líderes do ocidente contemporâneo são Donald Trump, e Jair
Bolsonaro. Grandes exemplos da prudência do movimento.
O argumento para um maior individualismo, valorização da
liberdade, e algo extremamente contrário ao moralismo na tradição conservadora,
é formulado de forma bizarra no texto. Utilizando como referencias indivíduos
como Burke que literalmente formularam suas ideias, exatamente pelos efeitos
anti individualistas, e comunitaristas de muito do que ele advogou.
Laissez faire foi pensado na tradição conservadora, exatamente
pois era o mecanismo que possibilitava a manutenção da moral, capaz de manter
hierarquias, tradições, e costumes da sociedade. Burke era um literal defensor
de uma forma organicista de se enxergar a sociedade, aonde ao grupo era possível
impor valores, religião, e sexualidade, independente da vontade dos indivíduos.
A diferença fundamental a qual eu estou estabelecendo usando Burke como
exemplo, é que ele buscava fins coletivistas, mas achava que liberdade, livre
comercio consistiam de meios melhores para a sociedade alcançar tais fins de
manutenção moral, e de hierarquias. Eu não conheço nenhum autor dessa tradição
conservadora individualista, que considera que os principais problemas e
soluções da sociedade são questões individuais. Os pensadores citados
principalmente concordam na utilização de meios individualistas para fins
coletivistas, e a opinião de tais sobre a moral como possibilidade de criar
direitos, e coerção sobre indivíduos é algo confuso. Logo esse texto não
apresenta um argumento particularmente bom nesse ponto.
Eu tenho outros problemas com esse texto, mas no geral são
esses os meus raciocínios. Tal utiliza uma definição super genérica, e que não
avança o diálogo sobre o conservadorismo, mas ao mesmo tempo deseja excluir
diversos grupos, e pessoas de serem consideradas conservadora, ou que lhes seja
aplicado o termo. Também apresenta as versões mais fracas possíveis de
argumentos, e críticas contra o conservadorismo comumente citadas. E o texto
para mim representa mais um exemplo de conservadores querendo jogar fora não
associar quase nada da experiência histórica, políticos e movimentos sociais
que se identificaram, e definiram como conservadores, durante o tempo. Não sei
se é coincidência o fato dessa estratégia ser a pratica usual dos socialistas.
(Desculpe pela pouca organização, e clareza do raciocínio)
Link: https://www.osconservadores.com/post/conservadores-s%C3%A3o-nazifascistas-grande-erro-pequena-resposta