quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Primeiras impressões Tate no Yuusha no Nariagari




Após um longuíssimo hiato, no qual viajei a montanha mais alta, e troquei palavras com a mulher mais sabia, finalmente estou de volta. As inspirações que alcancei por meio de tais experiências foram diversas, mas principalmente constatei a absoluta necessidade de criar, e publicar conteúdo, para o remoto caso de alguém um dia se interessar (agora o porquê disso eu não faria ideia), por esse arremedo de blog que estou desenvolvendo. Ademais nesse processo de buscar sensibilidades pop, com grande apelo popular, vou precisar abandonar muito do meu orgulho e senso artístico, soltando artigos e ideias, em ritmo acelerado, sobre alguns dos mais desinteressantes tópicos. Tendo isso em mente estarei fazendo analises semanais sobre aquele que acho que será o anime mais popular da temporada (sim aquela característica bem distintiva de membros do anitube ou blogger criadores do mais preguiçoso e pior conteúdo) a partir de agora chamado apenas de Tate no Yuusha. Para aqueles que mal conseguem conter sua empolgação com essa notícia, tenho outras novidades. Seguindo esse projeto farei uma análise tentando explicar o filmaço Bird Box (não é como se metade da internet já não tivesse feito isso ainda), outra obra original impecável Netflix, e um típico blog de drama inútil, sobre meu youtuber favorito, cuja maior inovação é tal estar em forma de texto, não na plataforma aonde tais são comuns.


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Ah Tate no Yuusha, quem poderia esperar que a estreia em anime, da renomada Light Novel que há anos tem sido hypada, e elogiada por sua qualidade se consistiria de uma enorme decepção (pelo menos para mim ok, não faço ideia do que a maioria das pessoas realmente acha sobre o episódio). Esta podendo ser incluída na mais eterna tradição de animes isekai, na qual todo mundo começa a obra prometendo que agora chegou algo bom ao gênero, e isso será completamente diferente e superior a obra que estigmatizou o gênero para sempre Sword Art Online. Nada obstante todos nessa linha terminam como obras medíocres no máximo, e sim estou olhando para vocês, Re-Zero, Slime, Overlord, Gate. (E sim estou fazendo uma generalização sobre gênero mesmo tendo visto nem tanto dele, e tendo Konosuba como exceção, só por uma narrativa pessoal não muito explicativa, e não vou abandonar minhas indulgencias).


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Acho que já consegui transmitir meu sentimento geral sobre o anime, mas para explorar as minucias de minhas questões com ele, uma comparação com outra serie Re-Zero, (aka as duas series aonde nosso protagonista começa já derrotando 3 bandidos) será de extremamente útil. Pode-se traçar inícios bem similares entre ambas, uma curta introdução ao cotidiano do protagonista no Japão moderno, como ponto de partida.




Não obstante o desenrolar dessas aberturas é completamente diferente, Re-Zero inicia apenas com uma curta cena de nosso principal Subaru, comprando produtos numa loja de conveniência altas horas da madrugada, comprando comida pré-preparada. Pequenos detalhes como a expressão de ligeira ansiedade ao observar outras pessoas andando na rua, e as circunstancias ligadas a esse tipo de ato, permitem inferir diversas implicações sobre a personalidade do personagem, especialmente se considerando o contexto maior, onde é usada usualmente como forma de representar hikkikomori (shut ins) em ficção. E ainda mais importante que isso, o anime não faz as conexões para você, explicando o que isso necessariamente significa (nesse momento pelo menos, alguns dos diálogos do Subaru estragam um pouco dessa sutileza). Sem um pingo de diálogo e exposição já temos uma cena que introduz nosso protagonista, permitindo entender certos fatos sobre sua personalidade, e deixando abertos e para se ponderar, vários desenvolvimentos e detalhes de sua vida. Pronto, em poucos segundos Re-Zero utilizando econômica e precisamente tempo, demonstra uma forma efetiva de introduzir nosso personagem principal.


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(Meu antagonista favorito tinha que comparecer)


Se perguntando como meu anime favorito lida com um momento semelhante, de apresentação do protagonista? Ora claramente uma minuciosa e detalhada visão geral sobre o dia a dia do cara é a melhor estratégia para esse momento. Nela podemos durante excruciantes minutos descobrir fatos sensacionais sobre esse indivíduo, como ele ser um otaku antissocial, sua situação financeira, de estar no primeiro ano da faculdade, de se sentir extremamente confortável em sua vida, e de ter tido alguma experiência de salvar seu irmão, que é sustentado pelos, que não se acha um hikkikomori e que sai de casa, que gosta de ir à biblioteca no tempo livre.


Tudo isso demonstrado e exposto de forma linda, por monólogos internos, aonde o personagem está imaginando e pensando consigo mesmo, como se estivesse contando a história de sua vida para alguém. Claro, ao mesmo tempo mover alguma narrativa, e ter o personagem tomando decisões minimamente relevantes, como forma de mostrar sua personalidade, parece uma forma bem limitada de caracterização, melhor não ter nenhuma das duas coisas, e ele contando tudo sobre sua vida diretamente para a audiência.


Esses momentos de empolgante introspecção e desenvolvimento de personagem são interrompidos, quando a história do anime decide começar, e este é transportado para outro mundo. Então, agora que conhecemos em minuciosos detalhes nosso protagonista, é a hora da sensacional aventura nesse universo fantástico cercado do mistério e intriga, começar? Ora é claro que não, mas sim de diversos novos despejos de informação, dessa vez partindo de diversos personagens diferentes, como o rei, seus asseclas, a traidora, os outros heróis, todos eles têm diversos pequenos detalhes importantíssimos para explanar a nosso protagonista. O episódio se consiste basicamente disso, palestra, após a palestra, recheados com certos monólogos do principal, que suponho que sejam uma tentativa de estabelecer a premissa, ou esse mundo diferente ao qual somos introduzidos (se as palavras adaptação preguiçosa de novel vem a sua mente, não posso fazer nada). O verdadeiro conflito do episódio, que demonstra basicamente o que essa história vai ser sobre, aparece na marca de 30 minutos aproximadamente, mas não pense que por isso, tudo antes é uma enorme perda de 
tempo.


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(A historia aparecendo em relances de nada acontecendo)


Antes de continuar um pequeno aviso, sou extremamente suspeito ao discutir worldbuilding em universos de fantasia. Essa parte do meu post será estritamente parcial, e longe de um overview sobre os elementos desse aspecto fascinante de trabalhos de ficção (eu pretendo escrever algo assim algum dia). Se você se interessa nisso, coloquei links de pessoas falando sobre isso de forma muito melhor que eu. Em relação a criação de mundos ficcionais, talvez o erro mais irritante e frustrante que qualquer autor possa cometer, é a obsessão em lotar sua história de detalhes completamente irrelevantes do universo, o velho (e insuportável) habito de explicar, dar ideias, nomes, linhagens e dúzias de características a qualquer coisa que possa a vir a existir no mundo da história. Tolkien apesar de suas enormes qualidades é o grande culpado por esse fenômeno em escritores de fantasia atuais (sim, eu prefiro a alternativa de um mundo genérico e que sei pouco sobre, pelo menos nestes o desperdício de tempo é menor, mesmo que não necessariamente a qualidade melhore). Obsessão é um bom jeito de colocar, pois não consigo ver de outra forma esse fenômeno, o autor tenta desesperadamente preencher com informação, controlar a forma como pessoas vão vivenciar e absorver o mundo e eventos da história, basicamente não deixando qualquer espaço de imaginação e criação ao leitor. O criador na tentativa de criar de manter uma crença secundaria no universo da obra, passa a ocupar posição central, tentando preencher absolutamente qualquer vácuo, ou elemento de interpretação.


Aliado a isso, existe uma enorme tendência de retratar fantasia com mecânicas facilmente identificáveis e compreensíveis de RPG (caso dessa obra), e usar ciência ou pseudociência como proxy, explicando tudo de diferente em fantasia. O que, para mim, derrota o próprio ponto em estar criando esse tipo de narrativa. A ideia de um mundo fantástico esta intrinsecamente ligada ao misterioso, estranho, incompreensível, um lugar recheado de coisas e elementos a descobrir, conforme a história venha a progredir. A marca especial do gênero, está em construir locais estranhamente familiares e confortáveis, mas ao tempo completamente diferentes e ameaçadores, uma mistura do poder de estar no seu próprio quintal, e explorar a imensidão de um abismo desconhecido. Ao invés de preencher essas obras com detalhes peculiares, pequenos elementos como um uso de linguagem diferente, uma visão cultural única, não usuais costumes e práticas, detalhes arquitetônicos completamente diferentes de algo já visto (droga estamos falando de animação aqui, não há muitos limites para o universo sendo criada) essas obras vão para uma estranha verossimilhança. Preenchem tais historias com vários aspectos reconhecíveis, tudo está sujeito a regras familiares e facilmente auferíveis. Isso cria mais fácil compreensão e acessibilidade na audiência, pois entende exatamente o que está sendo dito com termos como skills, magias, xp. Mas derrota qualquer elemento fantástico, uma visão do desconhecido, do nunca pensado, esse sentimento de estar abandonando o conforto do lugar que você está lendo, por um mundo completamente diferente.


Tate no Yuusha comete esses dois equívocos de forma até espetacular, ao ter o background de um mundo de fantasia, ao mesmo tempo que retira qualquer aspecto secreto, esquisito, eliminando completamente o impacto da descoberta do que está por vir. E tratando o episódio no geral, como uma enciclopédia de fatos do cenário, o que é claro, se consiste de algo mais semelhante a um jogo RPG (sei que tem pessoas que adoram isso, mas estou extremamente longe de ser gamer, logo não encontro qualquer apelo aqui), que qualquer coisa. Fantasia aonde o exótico está apenas na imaginação, e os eventos e detalhes de tudo ocorrendo são algumas das coisas mais comuns e mundanas possíveis (mas dá para preencher páginas e páginas sobre detalhes do tipo de armadura e equipamento sendo utilizado, então tudo bem).


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Nesse aspecto Re-Zero também é infinitamente superior. Lidar com como transmitir informação nesse tipo de introdução de seu protagonista a um cenário completamente diferente, é algo difícil de lidar e na medida do possível os criadores fizeram um ótimo trabalho. Ao contrário de nosso herói do escudo, Subaru esta forçado em diversas circunstancias, a esconder o fato dele não ter ideia de absolutamente nada do local em que a história está ocorrendo (o que ajuda a narrativa a não virar eternas palestras de pessoas explicando coisas para ele). Os aspectos do mundo também estão mais sendo inseridos conforme eles se tornam relevantes a história (não por meio de infodumps em que nada acontece). Na verdade, muito do primeiro arco consiste do Subaru descobrindo por meio de seu raciocínio, o que diabos está acontecendo e como coisas funcionam (o que as vezes é meio frustrante pois ele demora estupidamente para chegar em respostas obvias). E mais importante do que isso, muito do que existe nesse mundo não é dito, muita do que está por vir é deixado para se contar em arcos futuros aonde será relevante, e as possibilidades de exploração são deixadas abertas nessa introdução.


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(A arte de contar historias de forma impecável)


Acreditem ou não, eu apenas mencionei de passagem o maior problema do episódio. Miraculosamente existe uma cena inacreditavelmente semelhante em Tate no Yuusha, e Re-Zero, que é a grande razão de eu ter feito essa comparação. Nessa temos nosso protagonista, que leva um estilo de vida extremamente sedentário, (apesar de Subaru ser supostamente um hikkikomori maromba que malha, mesmo tendo corpo de frango). Ele não tem qualquer treinamento ou experiência de combate, e está em um mundo completamente diferente, desarmado (ou com armas não muito uteis no caso do herói do escudo). E mesmo assim o principal comete a insolência, de passar por cima de 3 bandidos, que o aborda, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Qual anime estou descrevendo aqui, Re-zero, ou Tate no Yuusha? Essas cenas simples destroem completamente minha suspensão de descrença, e minha possibilidade de estar imerso, levar a obra a sério.  Ao invés de otakus perdedores, parecemos estar acompanhando homens másculos e destemidos no combate, e a insolência de criar momentos como esse, é imperdoável. Posso estar extrapolando, mas são cenas como essa que tornam o universo de um anime estruturalmente falho, e algo que não vale a pena assistir no geral.


(Ótimo conselho amigo, só queria que você o tivesse seguido)


E isso meio que cobre o que gostaria de dizer por enquanto. Já que aparentemente vou estar discutindo essa obra prima por um longo tempo, vou guardar a conversa sobre história e personagem para quando eu tiver algo concreto para discutir (claramente as prioridades do episódio estavam em outras áreas). Fim da linha Tate no Yuusha não é muito bom, não acho que você deveria assistir. Essa série de textos não será muito boa, não acho que valha a pena ler. Não espere nem venha a esperar, um bem pesquisado e formulado argumento quanto a nada do anime. Ao invés disso eu gostaria de recomendar obras já terminadas, aonde se é possível assistir, e discutir com muito mais propriedade.







https://books.google.com.br/books?id=-AR9FEgly9wC&pg=PA144&dq=elfland+to+poughkeepsie&hl=en&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=elfland%20to%20poughkeepsie&f=false

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