quarta-feira, 8 de setembro de 2021

China

 Então, os fracassos do regime soviético, e das tentativas de transição ao socialismo trouxeram algumas críticas e perspectivas novas ao projeto do movimento socialista, de realizar planejamento econômico. Duas alternativas, ao sistema de planejamento central por meio do estado, que os soviéticos principalmente realizaram, apresentam questões teóricas interessantes.

A primeira parte da linha que o problema em previas tentativas de planejamento central, estaria em seu caráter centralizante. É impossível planejar uma economia em escalas nacionais, como a União Sovietica, em razão da inerente complexidade e problemas de conhecimento que planejadores encontraram nessa tarefa. No entanto é possível realizar um planejamento local, descentralizado, sobre toda a economia a partir de pequenas comunidades e grupos. O aspecto localizado e descentralismo dessa forma de organização permitiria melhor acesso a informação, e conhecimento por parte de planejadores locais.
Já a segunda critica principalmente aponta para o caráter hierárquico, e não participativo das formas de planejamento e organização econômico, em países socialistas. Os exemplos de planejamento principalmente falharam, pois foram planos efetuados de cima para baixo, por um pequeno grupo de elites, e planejadores, os quais ignoraram completamente as demandas e necessidades da sociedade e dos trabalhadores ao organizar a economia. Logo a base para conseguir uma forma de planejamento funcional, capaz de organizar a economia, é que o plano seja realizado em conjunto por toda a sociedade, por meio do mais amplo diálogo, discussão e escolha democratica sobre suas características. E esse processo de dialogo seria capaz de gerar o conhecimento, e informação, para um novo método de organização e coordenação econômica.
Agora, eu sou um forte apoiador de descentralismo, participação da população e dos envolvidos em decisões econômicas, e eu acredito que essas críticas levantam pontos importantes sobre planejamento econômico. Mas eu ainda não acredito que a alternativa descentralista, ou a ênfase em participação resolvam os reais problemas de cálculo econômico e utilização da informação.
Porque tais alternativas ainda partem da proposta de planejamento compreensivo, e completo da organização econômica. Ou seja, tais envolvem a abolição de mercados, do sistema de preços, do uso de moeda, e da propriedade como mecanismos de coordenação. Tais desejam seja de forma descentralizada ou não, abolir a anarquia da produção capitalista, por sistemas realmente deliberados, racionais e conscientemente escolhidos por comunidades, de produção e economia.
E isso é completamente impossível. Coordenação, e atuação econômica depende da produção de tipos específicos de informação. De preços que realmente sinalizam a oferta e demanda de produtos e serviços para todos os agentes econômicos. Não importa qual seja o sistema econômico, você ainda precisa de um sistema capaz capturar, e transmitir as valorações e fins de todos os consumidores em relação a produtos e serviços. E você precisa de um mercado sobre meios de produção, para que as valorações de consumidores sejam expressas na estrutura do capital.
Preços, moeda, e mecanismos de mercado, exercem uma função insubstituível de transmissão de informação, os quais são os grandes indicadores que todo produtor utiliza, para escolher modos de produção eficientes, entre todas as alternativas tecnológicas, e técnicas.
Muito desse conhecimento literalmente não pode ser expresso em planos, ou mecanismos racionais para ordenação econômica, uma vez que tal se encontra de forma disperso por toda a economia, e é um conhecimento tácito, o qual absolutamente nenhum agente, ou participante da econômica tem acesso? Absolutamente ninguém tem o conhecimento de questões, e aspectos fundamentais para o funcionamento e alocação econômica da sociedade, logo como é possível deliberar, planejar e expressar tais pontos em um plano.
No fim ambas as alternativas de planejamento falham por não compreender funções e aspectos insubstituíveis de mercados. Como eles são não apenas um mecanismo descentralizado de coordenação economia, mas um grande produtor e transmissão do conhecimento, que uma economia precisa. Mercados também funcionam em uma base de diálogo, escolha e manifestação dos envolvidos sobre questões econômicas, os quais absolutamente nenhum planejamento pode recriar.

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