quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Pela abolição das forças armadas





Um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta hoje é uma ilusão coletiva sobre o exército como instituição. Assim ele seria formado por super honestos e competentes indivíduos que realmente precisam dirigir a nação. Droga nos literalmente temos diversos ministros comandados por militares, pois segundo as palavras de nosso grande ex coronel presidente, ordem dada é ordem cumprida, a um militar.

Essa forma de entender o exército precisa ser combatida de todas as formas possíveis. Primeiro que nunca existiu um grupo, ou forma de organização mais ilógica, e absurda que a das forças armadas. Tudo nos meios militares gira ao redor de planejamento central, status e ordem. Seu lugar em um exército é dado por onde você se coloca numa hierarquia, quantos homens você pode comandar. Patentes são rankings que reconhecem sua possibilidade de mandar nos outros. Logo seu mérito é medido pelo número de pessoas que você pode sair comandando em relação a absolutamente tudo. (Forças armadas sempre foram a coisa mais antiliberal do universo)

Note que o exército se organiza exclusivamente como organização centralmente planejada, e comandada por seus líderes. Ordens são absolutas, personalidade, individualidade, ou até desejos de cada um dos integrantes, nada disso importa. A ordem tem que ser imposta de cima para baixo, agindo de forma coercitiva para com todos que estão na organização. Não coincidentemente o exército lembra muito em sua estrutura um estado totalitário. Os focos nas ordens, centralidade dos comandos, e na autoridade dos líderes é o mesmo. Não é à toa que apesar de deficiências crônicas em outros ramos, países totalitários sempre conseguiram organizar forças armadas poderosas. Tais países simplesmente funcionam sobre as bases que são o normal de um exército.

Então nós temos essa estrutura de organização totalmente ilógica, contraria a individualidade, e espontaneidade das pessoas. E nós supostamente acreditamos que essas pessoas sempre acostumados a subordinação, e seguir ordens sem questionar vão nos proteger?

Não existe uma ameaça maior a democracia em qualquer país do que a apresentada por suas próprias forças armadas. Em 1964 não foi para nos proteger de absolutamente nada que o exército brasileiro derrubou a república que havia até então. Foi literalmente feito um golpe de estado para tomar o poder. Se for olhar durante toda a história, a única coisa que permite a manutenção e permanência de projetos de poder totalitários são as forças armadas.
Observem como o glorioso exército venezuelano protege seus cidadãos, mantendo com o uso da força a ditadura de Maduro, ou o exército da Coreia do Norte apoia com unhas e dentes Kim Jong Un. Não se encontra na história uma instituição que tenha feito tanto para reprimir, e afastar o povo do governo quanto o exército. Sinceramente se estes generais e militares são nossa proteção, minha maior preocupação é literalmente: Quem diabos me protege da droga desses militares?

No contexto atual se faz desesperadamente necessário repensar o papel de forças armadas em uma democracia. Nós realmente precisamos de centenas de milhares de pessoas armadas, para nos defender da ameaça inexistente dos argentinos na fronteira, ou dos grandes paraguaios? Quais são esses conflitos e questões importantes que o exército está fazendo que auxiliam o Brasil em seu desenvolvimento?

Porquê da forma como eu compreendo, a única coisa que os militares na atualidade representam são centenas de milhares de armas, e pessoas ociosas. E a qualquer momento tais podem decidir que não querem mais brincar de democracia, instituindo uma nova ordem na base da bala. E peça a Deus para fazer algo nessa situação, já que imagino que apenas ele poderia te proteger de tais pessoas, e máquina de guerra.

(Eu meio que só estou escrevendo isso, porque semana sim, semana não esses caras ameaçam dar um golpe )

sábado, 10 de outubro de 2020

Ciro Gomes era a melhor opção em 2018?



Em face do desastre do governo Bolsonaro, tem sido uma atitude até bastante comum entre liberais, olhar um governo Ciro Gomes como alternativa preferível, melhor escolha em 2018, ou possivelmente até para novas eleições. Eu sou extremamente cético em relação a essa possibilidade, por razões que tentarei detalhar.

Primeiro existe a questão das óbvias propostas populistas, e sem nenhuma chance de serem colocadas em prática, que o Cirão constantemente defendia. Imaginar que era possível zerar em meio à péssima a situação fiscal da união, os cadastros de restrição de crédito do Brasil todo, é o tipo de ideia pela qual a esquerda é constantemente acusada de terraplanismo econômico. Sim, o estado brasileiro com déficits bilionários, serviços públicos, e situação de contas públicas calamitosas, tinha o dinheiro sim, para investir em um mega programa de financiamento para pessoas físicas. Esse é o típico almoço grátis, grande estímulo ao consumo, endividamento e gastos pessoais, que são clássicos exemplos de um modelo econômico falido.

Bom tirando a brilhante ideia de jogar a austeridade econômica para o escanteio (estamos falando do candidato que mais adorava falar mal da pec do teto de gastos), existem problemas até maiores na visão econômica do Ciro Gomes. Sua visão e defesa do nacional desenvolvimentismo é outro ponto prevalente da retórica política do Cirão. Ou seja, voltar a mesma a formulação fracassada de substituição de importações, e ideias de desenvolvimento do Celso Furtado, que dessa vez sim dariam certo. Tais já eram uma má ideia nos anos 60, pela mesma razão que criar uma barreira tarifária, forçar os consumidores de um local a pagar mais caro por um determinado produto é uma má ideia. Se taxar importações trouxesse esses grandes resultados, talvez estados e municípios devessem erguer barreiras de importação. Logo terão desenvolvimento e indústrias locais de altíssima qualidade nessa lógica. Agora numa economia extremamente globalizada como a atual, aonde as vantagens comparativas dominam, e os fluxos de capital são internacionais, esse discurso é um absurdo. A volta do nacional desenvolvimentismo representa a volta das políticas que deixaram o Brasil pobre, e geraram crescimento baixo, e estagnação por décadas. Então não, a imaginada balança de pagamentos, entre exportações e importações não representa a falência do Brasil. E impedir nossos consumidores, e produtores de buscarem as maiores vantagens, e benefícios no mercado exterior é uma péssima ideia.

Um ponto interessante nos programas de governo do Ciro Gomes, é como tal não critica a questão de investimentos público, controle de preços, ações de estatais, e muitos políticas localizadas. Este apenas diz que as atuações do estado em governos anteriores como o Dilma, foram feitas a partir de bases erradas. Mas ele vai trazer qualificação, critérios técnicos para permitir aos administradores planejarem, e fazerem exatamente as atuações certas na economia.

As propostas do Ciro lembram muito a figura do estado gerencial, uma tecnocracia altamente especializada gerindo a economia, e levando aos resultados certos. Nisso a influência de Kenneth Galbraith é particularmente perceptível. Ciro é o homem criticando, falando dos imensos excessos, e resultados catastróficos, que ocorrem quando se deixa a atividade econômica nas mãos de indivíduos. Ao mesmo tempo que defende como os técnicos, e economistas em Brasília devem atuar, como os grandes gerentes da economia nacional. Nós precisamos de nossos grandes políticos e burocratas guindo a atividade econômica, se não ninguém sabe os terríveis abusos, ineficiências e práticas que empresas atuando seguindo o próprio interesse podem trazer. Ou seja, ele expressa uma crença genial, aonde o que realmente precisamos é dar mais poder para os brilhantes economistas e técnicos em Brasília.

Existem muitos pontos que tornam Ciro Gomes uma escolha completamente inaceitável conforme ideias liberais. Droga ele já argumentou contra programas de metas de inflação, e independência do banco central, tentando levar o Brasil para a década de 60, em termos de política monetária. Eu não quero aqui retratá-lo como a pior escolha do universo, nem discutir se ele seria capaz de pôr em prática muitas de suas promessas. No entanto não são nem superficiais, nem irrelevantes os pontos em que um projeto de governo Ciro Gomes deve ser combatido, pois mistura muitas das piores práticas e ideias da esquerda de 50 anos atrás. E eu espero que o Brasil realmente possa fazer melhor que isso.

( Reação natural do Ciro, quando perguntam fontes, ou as bases de suas afirmações









For Takver

Ancoms não são anarquistas.

  Marxistas e ancoms todos tem a pior ideia possível, de síntese entre a sociedade civil, e o estado. Tais não são estatistas em um sentido ...