sábado, 28 de setembro de 2019

Resposta a "o personagem mais odiado e o quanto ele te ensina"


(Aonde eu novamente respondo desnecessariamente a opinião de outro pessoa sobre Evangelion, de novo)


Esta vai ser uma curta, mal elaborada e meio incompreensiva “resposta” ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=ZzO7X1_1Rao. Quero prefaciar a discussão dizendo que no geral gostei do vídeo, ela faz um trabalho bom em entender elaborar a circunstância, mentalidade, e questões principais pelas quais passa o personagem (no máximo as vezes tocando em certos pontos de forma superficial). Só existe um conceito refletido no vídeo, e em vários outros, incluindo o do canal quadro em branco em relação a End of Evangelion extremamente problemático.  Este é de o final da série, e Eoe apresentarem mudanças e diferenças significativas em termos do arco do personagem, sua conclusão, e das mensagens as quais são transmitidas.


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(Fuck episódios 25 e 26 basicamente) 


Tal interpretação é extremamente insatisfatória e não apresenta muito de correspondência no filme em si. Muitos olham para a natureza de atos como a masturbação para mostrar mudança no personagem. Quando muito pelo contrário eu acho tal ato a progressão perfeita, Shinji já desistiu de viver, achar valor, e escolhe simplesmente machucar e ferir os outros. Da mesma forma ocorreu com Kaworu, fazer algo horrível, assim as pessoas o odeiam, ou na verdade deveriam odiá-lo, ou se realmente o conhecessem o odiariam. Ou assim é o raciocínio.


O confronto com Asuka, em meio a alucinatória experiência da instrumentalidade é na verdade o exemplo perfeito da atitude do personagem na série inteira. Seu pensamento é simples, eu quero compreensão ser preenchido, achar amor, ajuda nos outros, mas ao mesmo tempo não consigo me importar com eles, realmente me abrir e me dispor a conhece-los. Na verdade, todos os questionamentos giram ao redor desse percebido isolamento, como está sozinho, não consegue compreender, ninguém liga para ele. Como as pessoas tornam tudo desnecessariamente ambíguo, com seus sorrisos falsos, palavras não ditas, e sentimentos nunca explicados. Isso é o básico do básico do Shinji da série, e exatamente o que o leva a escolher o fim de individualidades, abstraído no estrangulamento da Asuka no filme. (Resumidamente, sou preguiço demais para ir em detalhe sobre tudo que está ocorrendo).


O mundo abstrato dos episódios 25 e 26, e o universo da instrumentalidade em EOE, servem exatamente ao mesmo proposito. Neles o personagem se acha numa realidade sem senso de eu nem dos outros. Aonde a dor de existir e se relacionar é simplesmente um não fator, e todos os conceitos e barreiros do ser imagináveis perdem a importância. Shinji acha tal situação infinitamente 
insatisfatória, angustiante.

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(Sério esses epis são elogiados demais por fazerem a mesma coisa que Eoe, sem nada da nuance)


Ambos estão ali para passar a mesma ideia ao personagem, uma outra forma de enxergar os outros e a si mesmo. Nela existem os símbolos do filme para esperança (Rei), e amor (Kaworu) que o confrontam sobre as certezas e circunstancias que encontrou e vai encontrar. Sua confiança no próprio desmerecimento, o ódio, o fato de poder encontrar apenas dor são completamente sem base. Existe um mundo de possibilidade interpretações que Shinji se fecha ao acreditar nisso, sua fuga não sendo de pilotar o robô, mas sim de encarar a si mesmo, fazer as escolhas e viver. Há um universo de oportunidades, talvez até amor, este fugaz e frágil sentimento que o filme nem apresenta confiança sobre se é possível entre humanos.


Tal encontro e conversas o levam a uma conclusão. Eu quero viver estar ao lado dessas pessoas de novo.  O entendimento que a realidade pode estar cheia de dor, e que ele vai voltar a sofrer ao existir, são claros. Mas Shinji finalmente se permite acreditar que suas relações tiveram significado, que ele foi feliz quando estava com eles, não havia só ódio ali. Existe uma aceitação pessoal, rolando uma abertura ao mundo e suas infinitas possibilidades. Ele pode achar que se odeia, e não estar certo de nada, mas quer voltar a ser, Shinji Ikari, e talvez construir uma nova versão, o eu melhor que aprendeu a se amar.


Os infames últimos instantes de Shinji e Asuka, longe de uma contradição são na verdade a prova da mudança. Apesar de um certo youtuber interpretar tais cenas como Shinji sendo um sociopata e que ele quer fazer o mundo sofrer, tal interpretação é absurda. De fato, a conclusão é a prova final, agora longe da leveza e abstração da instrumentalidade, Shinji quer provar seus laços. Fazendo isso colocando uma de suas relações em teste, será que ao agredir fazer um ato extremamente repugnante este encontraria ódio, contrariedade? Shinji parte pra Asuka com intenção de matar e encontrar apenas frieza, dor. Ao invés disso esta o acalma, acaricia quase carinhosamente o fazendo parar. A vida pode ser um inferno, ele está parado no meio do apocalipse. Mas neste único instante Shinji escolheu, realmente não feriu outra pessoa se abrindo a outra possibilidade, resultado. As palavras de Yui sua mãe são as mais importantes, enquanto seres humanos acharem a força de vontade de viver, qualquer lugar pode ser paraíso, afinal.

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(Eu culpo o Kitsune pela visão principal atual sobre EOE)


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