quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ancoms não são anarquistas.

 

Marxistas e ancoms todos tem a pior ideia possível, de síntese entre a sociedade civil, e o estado. Tais não são estatistas em um sentido tradicional, pois em principio querem abolir o estado?

Mas a questão é que a ideia deles é precisamente transformar a sociedade, em um estado, dissolver o mecanismo governamental, o método democrático, a escolha e poder da maioria por toda a sociedade. A proposta é literalmente criar uma nova arena de discussão e ação coletiva, a qual será responsável por absolutamente todos os assuntos.

Toda a sociedade, economia, e assuntos serão controlados, deliberados, e passaram a representar a gloriosa vontade geral, vindo a convergir em um único plano, e instituição.

O que significa a extinção da sociedade civil, da liberdades e direitos individuais, da autonomia e qualquer direito ou proteção que o indivíduo possa ter em relação ao coletivo.

Chamar essa falsa síntese, de anarquia é ridículo. Ela simplesmente significa transformar tudo em um governo, absolutamente todos em funcionários públicos e políticos, e com quase toda a esfera da liberdade e individualidade
humana, sujeitando tudo a concursos de popularidade

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Modernismo

  Como muitas pessoas tiveram problema com minha definição do marxismo, como modernismo cientificista elevado ao extremo, então deixe me explicar porque o marxismo representa principalmente as consequências ruins da modernidade, aplicadas da pior forma possível.

 

Um grande elemento da modernidade, sempre foi crença na ciência, a razão como elemento capaz de descrever o mundo, e que é capaz de formar um sistema coerente para o funcionamento de tudo. A ideia aqui é que é precisamente pelo conhecimento alcançado racional, e sistematicamente, que podemos libertar a humanidade de superstições, crenças absurdas e ideologias, que travam o desenvolvimento e bem-estar humano. Se tem um ideal mítico da razão, e ciência como algo capaz de controlar a natureza, e tornar o homem o senhor, e real agente que define seu destino.

 

Assim o modernista afirma que é possível, aplicar métodos e sistemas das ciências naturais as humanidades, e a complexidade de fenômenos humanos é reduzível a causas e consequências logicamente compreensíveis e expressas cientificamente. Mas além disso, essa ciência passa a ser a única forma de entender a realidade, e produzir conhecimento válida.

 

Um dos maiores aspectos do marxismo é precisamente levar essa lógica, e construção cientifica do modernismo as últimas consequências. Logo construções anteriores, como a defesa de liberdades, princípios, e espontaneidade humana, defendida por liberais são vistas como ideológicas, cientificamente suspeitas. Não cabem mãos invisíveis, aspectos não racionalmente determinados, e cientificamente analisados nas ciências sociais, a partir uma perspectiva marxista. O ser humano passa a ser interpretado de forma mecânica, que o reduz a aspectos cientificamente compreensíveis, e que seguem claras causalidades, e regras universais.

 

Assim não é uma surpresa quais são os métodos de real organização econômica, e estrutura da sociedade coerentemente defendidos por marxistas. Tais passam pelo mais completo planejamento e racionalização da economia e atividades humanas, rejeitando qualquer aspecto visto como tradição, ou ideológico, como as liberdades individuais, ou a propriedade privada. Maiores liberdades, o fim da superstição, um real controle e entendimento da natureza que passaria a servir os fins da humanidade, apenas podem ser alcançados pela mais completa aplicação do método e ideal cientifico, a organização da sociedade.

 

Agora eu fortemente me oponho tanto a perspectiva de ciência implícita nessa visão, assim como a ideia de buscar ordem, controle, real liberdade, e desenvolvimento humano a partir da aplicação da ciência, uma engenharia da sociedade. E acredito que as consequências desse programa, tem sido catastróficos para toda a humanidade durante o século 20.

 

Produção

  Um problema com a linha de argumentação que defende não o fim do mercado, mas o fim da propriedade privada dos meios de produção, é que tal posição não parece entender o significado do que eles estão propondo?

Mesmo supondo que um planejador central, dono de todos os meios de produção tivesse informação perfeita sobre as preferencias, avaliações de consumidores, o que pessoas querem que seja produzido. Nós precisamos que os desejos, necessidades dos consumidores se traduzam na formação do capital, que os produtores se voltem a essa demanda, e organizem a produção para isso.

Mas como é possível fazer isso sem a existência de um mercado? Como um planejador central, pode escolher entre todas as alternativas, e opções de produção possíveis e imagináveis, os meios economicamente validos, e eficientes, de produzir bens de consumidores? Como é possível quanto a todos os processos, possibilidades, e aspectos da produção possível, o organizador central chegar as conclusões, e escolhas que realmente servem as necessidades de consumidores? Como é possível limitar a escolha, e variáveis intermináveis dessa tarefa, para sequer avaliar os resultados, e ter noção do que você está fazendo?

O mercado é o mecanismo que transmite as avaliações, e demandas dos consumidores, por toda a economia e estrutura de produção. Por meio de milhares e milhares de produtores, planejando pequenos aspectos da tarefa, coordenando uns com os outros, e chegando a informação localizada sobre os processos. Acabamos com um sistema descentralizado facilmente adaptável, e de evolução continua, que responde de forma perfeita essa questão, e funciona de forma impecável na transmissão do conhecimento. Administradores e produtores tem acesso a toda a informação que precisam, para produzir e alcançar os resultados que desejam.

Substituir isso, por uma propriedade coletiva dos meios de produção, apresenta dificuldades insuperáveis, e problemas os quais eu mal consigo imaginar.


Classes

 Então, eu realmente odeio teoria de classes. E isso não porque existe algo errado em analisar relações de poder na sociedade, mas sim porque o exercício, e narrativa tradicional sobre luta de classes, hoje é particularmente indistinguível de uma teoria da conspiração.

O que eu realmente gostaria que pessoas levassem a sério, é que afirmações como o motor da história em todas as sociedades é a luta de classes, tais afirmações não são simples descrições, algo fático e obvio? Tais são uma racionalização, você está utilizando categorias, classificações mentalmente construídas, e as aplicando a absolutamente toda a história, e sociedades que existiram? De certa forma é a sua escolha, e categorias que você está aplicando, que criam seu objeto de estudo, sua história não é a história real, mas a de absolutamente todos os eventos, analisados sobre a lente dessas categorias. De certa forma a sociedade sua é uma construção social, habitada por todos, grupos estritamente determinados, com interesses e conflitos claros, entre a burguesia, e a classe trabalhadora.
O real problema nisso tudo é que eu não acredito que essa é realmente uma coerente narrativa para desenvolvimento histórico? Que não é possível mapear interesses econômicos escusos, ideias e defesa de classe, por trás de cada fenômeno? A história muitas vezes não segue e não parece se encaixar com absolutamente nada dessas categorias, e dinâmicas que os marxistas julgam definir tudo. E quando confrontados com evidencias em contrário, o marxismo prefere redefinir a realidade, contar com as racionalizações mais bizarras imagináveis, para explicar porque a teoria, e ideia de classes sociais é capaz de explicar tudo. O que é a razão para marxistas hoje praticarem mais teorias da conspiração, e loucura do que analises sérias de dinâmicas, e eventos históricos.

Marxismo

 Algo surpreendente, é que eu diria que marxistas estão sim corretos, em sua descrição das consequências, e de muitas características do que ocorreu na União Soviética após a revolução de 1917. Meu problema com a narrativas de marxistas ortodoxos sobre esses eventos é mais que eles esquecem de mencionar, muitas das causas do fracasso desse processo revolucionário, as quais constituem fortes objeções a muito desse projeto político?

Agora, marxistas acertam ao falar de dificuldades econômicas, e materiais do período, marcado por uma crise sem precedentes na Rússia, e também criticam de forma acertada, a burocratização, criação de hierarquias, e uma elite do partido, com enormes poderes, no período pos revolucionário. O que eles esquecem de explicar é porque essa elite surgiu, e porque tal grupo de burocratas e membros do partido ganharam tanto poder, assim como uma das causas preponderantes para o estado econômico do país.

Porque marxistas não querem tocar no fato que Lenin, e os revolucionários claramente estavam tentando destruir as instituições de mercado, planejar a economia, abolir moeda, circulação, e propriedade privada no país? As politicas de estado da Rússia passavam por literalmente inflacionar a moeda, para diminuir seu valor e utilidade. A nacionalização de toda a indústria, maiores empresas do país, a destruição dos bancos, e do regime bancário nacional. Uma tentativa de substituir mercados por planejamento, direção administrativa e coordenada diretamente por governantes, em todos os setores e esferas econômicas. Isso é o que Lenin tentou realizar logo após a revolução, com seu comunismo de guerra.

Então de onde surgiu a burocracia, nova elite do partido com enormes poderes e controle sobre a classe trabalhadora? Ela é diretamente um resultado desse planejamento, a consequência logica de tentar destruir as instituições de mercado, e a substituir por uma economia de controle, e poder administrativo. Com o fim de mercados, e do sistema de preços, foram burocratas, políticos e administradores públicos que passaram a ocupar o poder, tomar decisões de produção, criar o plano, instituições e características de toda a produção. Planejamento da economia necessariamente significa essa centralização, controle econômico de uma minoria de responsáveis pelo plano, e por todas as decisões que toda a sociedade tem que seguir. E tal só pode ser mantida por meio da burocracia, utilização de coerção sobre o indivíduo, e criar uma conformidade de todos, a um único plano e projeto que supostamente representa a vontade geral.

Porque durante os anos seguintes a revolução, miséria, crise econômica crônica, e destruição social foram as regras na União Soviética? Essa falta de coordenação, qualquer organização racional produtiva não é o resultado das guerras, nem mesmo da guerra civil pela qual o país passava pelo período. Mas sim a literal consequência de uma politica de governo que buscava abertamente destruir todos os aspectos do sistema de mercado, sob o qual todos os países do mundo funcionam. Lucro, moeda, o sistema bancário, as empresas, firmas, toda a ordem de concorrência, e sistema de mercados eram o que os revolucionários queriam destruir. Logo a politica do país literalmente atuava, para minar e subverter as bases pela qual mercados funcionavam, vendo nisso um passo necessário para a destruição do capitalismo.

Esse fenômeno, a estatização de toda a indústria, o fim do sistema bancário, literais medidas que queriam usar inflação não como mecanismo de financiamento do governo, mas para destruir o valor da moeda, e sua utilização. Na realidade tais medidas foram economicamente até mais destrutivas que a primeira guerra, e a guerra civil, algo que marxistas adoram ignorar. A maior prova que essa foi a causa para a crise econômica da União Soviética, é que o próprio Lenin reconheceu que tais medidas eram insustentáveis, e as reverteu por meio da Nova Econômica Política, e admitiu que tal período foi marcado por um fracasso de políticas para a transição ao socialismo. Por sinal o insucesso foi tamanho, que muitas dessas medidas nunca mais foram tentadas nem por ditadores como Stalin, no auge de seu poder.

Enfim, meu ponto é que tanto burocracia, hierarquias, e uma nova elite dirigente, quanto o colapso econômico são consequências logicas do projeto politico marxista. E que uma real economia participatória, com real escolha dos trabalhadores e prosperidade econômica dificilmente pode resultar das ideias de planejamento que muitos socialistas advogam.

 


Liberalismo social

 O caso contra o liberalismo neoclássico.

O liberalismo neoclássico é provavelmente uma das áreas conceitualmente mais interessantes do movimento liberal. Tal consiste em uma tentativa de fundir o liberalismo clássico, do século 19, com sua variante, o liberalismo igualitário moderno, tentando apresentar uma defesa tanto de liberdades econômicas, propriedade privada, e direitos individuais, que liberais clássicos enfatizam, quanto da justiça social e liberdades positivas, que são importantes para liberais igualitaristas.
É definitivamente um projeto interessante, o de demonstrar como liberdades econômicas são na verdade uma questão de enorme importância, para a realização de justiça social. Mas eu acredito que existe um problema fundamental nessa forma de enxergar as pautas do movimento liberal? Pois a partir dela os princípios do liberalismo se encontram em conflito? Existem enormes diferenças e conflitos entre os dois princípios, logo a justiça social termina por moderar a liberdade econômica, e a liberdade econômica termina por moderar a justiça social.
Eu acredito que essa é uma apresentação é um problema por duas questões? Primeiro por promover a noção fundamentalmente errada, que as desigualdades, dificuldades para realização de justiça social, o domínio de elites e classes, é um resultado de liberdades econômicas não reguladas, ou moderadas? Quando ao se olhar a história se enxerga precisamente o contrário. O livre mercado é o grande mecanismo que possibilita a justiça social, a melhora da qualidade de vida, e condições de absolutamente todos. Já governos são a instituição da defesa do privilegio, das elites, de grupos de interesse e pessoas mais organizadas em detrimento de toda a sociedade. Se existe algo em enorme medida conflitando com causas, e princípios da justiça social, isso com certeza não é o livre mercado. Mas sim um enorme grupo de intervenções e distorções governamentais, que hoje são a regra das sociedades no mundo todo.
O outro problema é acreditar que é possível a existência de uma organização, capaz de regular mercados, restringir direitos, e organizar toda a sociedade de modo a atingir os princípios da justiça social? Os resultados de governos, e do liberalismo igualitário nessa linha tem sido decepcionante para dizer o mínimo. Governos enormes que interferem em toda a sociedade são a norma hoje, no entanto não estamos minimamente próximos de realizar quase nada da pauta de igualdade substancial, ou justiça social.
Eu concordo com os neoclássicos que enormes desigualdades importam, que a justiça social, melhores condições de vida, e a situações dos mais pobres, tais são pautas e questões essenciais para o movimento social. Mas minha resposta para esses problemas é defender de forma absoluta, não moderada ou restringida, livres mercados, o combate e diminuição do estado. Pois eu vejo na liberdade o real combate a privilégios, o destruidor de desigualdades, aquilo capaz de nos tornar mais prósperos, e iguais de uma forma substancial. Logo mantenho minha defesa absolutista do livre mercado.

Tecnocracia

 

Contra a tecnocracia.

Então, tecnocracia, o governo dos técnicos e especialistas. Eu acredito que é uma péssima ideia, deixar a administração da sociedade, a tomada de decisões nas mãos de um pequeno grupo dos superinteligentes e bem informados cientistas. Com certeza a ideia encontra enorme apelo, e traz a noção que tal é a única forma de organização realmente cientifica, e racional da sociedade. Afinal qual é o problema, em deixar os experts, donos do maior conhecimento e informação, escolherem aquilo que funciona, e traz benefícios para todos?

A real falha nessa perspectiva é que ela não entende o real caráter, e natureza do processo cientifico, e como tal alcança aquilo mais próximo a verdade. Porque ciência não é o conteúdo, ou objeto de apenas um pequeno grupo de especialistas, os quais contém todo o conhecimento, e respostas para as maiores discussões? Mas a ciência principalmente evolui por meio de um processo, ela é um método discursivo, e participatorio de uma comunidade.

Discussões, problemas, e hipóteses apenas são estabelecidas por meio de discussão, debate amplo, e formação de consenso, por parte de toda uma comunidade, e grupo enorme de praticantes de um determinado ramo. Teorias, testes da verdade, e respostas cientificas, apenas ganham sentido, e valor caso estejam integrados nesse processo.

Logo os problemas de se almejar um governo de especialistas, vem de duas formas. O primeiro problema é que os técnicos, e cientistas que comandarem planejamento de toda a sociedade, tem acesso a muito menos conhecimento, e saber, que aquele acessado, e debatido por toda a comunidade cientifica. A organização cientifica da sociedade, será limitada ao conhecimento daqueles que participarem, e diretamente elaborarem o plano.

A segunda questão, é que as decisões dos tecnocratas, ao administrarem a sociedade, necessariamente são algo que se encontra fora do processo pelo qual conhecimento cientifico valido é produzido. Isso é, tal não segue o processo de livre discussão de ideias, abertura a questionamento, debate, possibilidade de discutir e contestar qualquer coisa. O tecnocrata literalmente não pode acertar cientificamente, pois ele não está sujeito a qualquer consenso, ou método para se alcançar a verdade. Ele é literalmente o planejador central, o qual pode forçar suas decisões, independentemente da participação, vontade, ou discussão dos outros.

Tecnocracia, e o governo dos experts não fracassaram por ideologia, ou por erros específicos de alguns planejadores, e administradores. Mas sim porque tais representam uma visão errada sobre conhecimento, ciência, e a realidade.

 

For Takver

Ancoms não são anarquistas.

  Marxistas e ancoms todos tem a pior ideia possível, de síntese entre a sociedade civil, e o estado. Tais não são estatistas em um sentido ...