quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Modernismo

  Como muitas pessoas tiveram problema com minha definição do marxismo, como modernismo cientificista elevado ao extremo, então deixe me explicar porque o marxismo representa principalmente as consequências ruins da modernidade, aplicadas da pior forma possível.

 

Um grande elemento da modernidade, sempre foi crença na ciência, a razão como elemento capaz de descrever o mundo, e que é capaz de formar um sistema coerente para o funcionamento de tudo. A ideia aqui é que é precisamente pelo conhecimento alcançado racional, e sistematicamente, que podemos libertar a humanidade de superstições, crenças absurdas e ideologias, que travam o desenvolvimento e bem-estar humano. Se tem um ideal mítico da razão, e ciência como algo capaz de controlar a natureza, e tornar o homem o senhor, e real agente que define seu destino.

 

Assim o modernista afirma que é possível, aplicar métodos e sistemas das ciências naturais as humanidades, e a complexidade de fenômenos humanos é reduzível a causas e consequências logicamente compreensíveis e expressas cientificamente. Mas além disso, essa ciência passa a ser a única forma de entender a realidade, e produzir conhecimento válida.

 

Um dos maiores aspectos do marxismo é precisamente levar essa lógica, e construção cientifica do modernismo as últimas consequências. Logo construções anteriores, como a defesa de liberdades, princípios, e espontaneidade humana, defendida por liberais são vistas como ideológicas, cientificamente suspeitas. Não cabem mãos invisíveis, aspectos não racionalmente determinados, e cientificamente analisados nas ciências sociais, a partir uma perspectiva marxista. O ser humano passa a ser interpretado de forma mecânica, que o reduz a aspectos cientificamente compreensíveis, e que seguem claras causalidades, e regras universais.

 

Assim não é uma surpresa quais são os métodos de real organização econômica, e estrutura da sociedade coerentemente defendidos por marxistas. Tais passam pelo mais completo planejamento e racionalização da economia e atividades humanas, rejeitando qualquer aspecto visto como tradição, ou ideológico, como as liberdades individuais, ou a propriedade privada. Maiores liberdades, o fim da superstição, um real controle e entendimento da natureza que passaria a servir os fins da humanidade, apenas podem ser alcançados pela mais completa aplicação do método e ideal cientifico, a organização da sociedade.

 

Agora eu fortemente me oponho tanto a perspectiva de ciência implícita nessa visão, assim como a ideia de buscar ordem, controle, real liberdade, e desenvolvimento humano a partir da aplicação da ciência, uma engenharia da sociedade. E acredito que as consequências desse programa, tem sido catastróficos para toda a humanidade durante o século 20.

 

Produção

  Um problema com a linha de argumentação que defende não o fim do mercado, mas o fim da propriedade privada dos meios de produção, é que tal posição não parece entender o significado do que eles estão propondo?

Mesmo supondo que um planejador central, dono de todos os meios de produção tivesse informação perfeita sobre as preferencias, avaliações de consumidores, o que pessoas querem que seja produzido. Nós precisamos que os desejos, necessidades dos consumidores se traduzam na formação do capital, que os produtores se voltem a essa demanda, e organizem a produção para isso.

Mas como é possível fazer isso sem a existência de um mercado? Como um planejador central, pode escolher entre todas as alternativas, e opções de produção possíveis e imagináveis, os meios economicamente validos, e eficientes, de produzir bens de consumidores? Como é possível quanto a todos os processos, possibilidades, e aspectos da produção possível, o organizador central chegar as conclusões, e escolhas que realmente servem as necessidades de consumidores? Como é possível limitar a escolha, e variáveis intermináveis dessa tarefa, para sequer avaliar os resultados, e ter noção do que você está fazendo?

O mercado é o mecanismo que transmite as avaliações, e demandas dos consumidores, por toda a economia e estrutura de produção. Por meio de milhares e milhares de produtores, planejando pequenos aspectos da tarefa, coordenando uns com os outros, e chegando a informação localizada sobre os processos. Acabamos com um sistema descentralizado facilmente adaptável, e de evolução continua, que responde de forma perfeita essa questão, e funciona de forma impecável na transmissão do conhecimento. Administradores e produtores tem acesso a toda a informação que precisam, para produzir e alcançar os resultados que desejam.

Substituir isso, por uma propriedade coletiva dos meios de produção, apresenta dificuldades insuperáveis, e problemas os quais eu mal consigo imaginar.


Classes

 Então, eu realmente odeio teoria de classes. E isso não porque existe algo errado em analisar relações de poder na sociedade, mas sim porque o exercício, e narrativa tradicional sobre luta de classes, hoje é particularmente indistinguível de uma teoria da conspiração.

O que eu realmente gostaria que pessoas levassem a sério, é que afirmações como o motor da história em todas as sociedades é a luta de classes, tais afirmações não são simples descrições, algo fático e obvio? Tais são uma racionalização, você está utilizando categorias, classificações mentalmente construídas, e as aplicando a absolutamente toda a história, e sociedades que existiram? De certa forma é a sua escolha, e categorias que você está aplicando, que criam seu objeto de estudo, sua história não é a história real, mas a de absolutamente todos os eventos, analisados sobre a lente dessas categorias. De certa forma a sociedade sua é uma construção social, habitada por todos, grupos estritamente determinados, com interesses e conflitos claros, entre a burguesia, e a classe trabalhadora.
O real problema nisso tudo é que eu não acredito que essa é realmente uma coerente narrativa para desenvolvimento histórico? Que não é possível mapear interesses econômicos escusos, ideias e defesa de classe, por trás de cada fenômeno? A história muitas vezes não segue e não parece se encaixar com absolutamente nada dessas categorias, e dinâmicas que os marxistas julgam definir tudo. E quando confrontados com evidencias em contrário, o marxismo prefere redefinir a realidade, contar com as racionalizações mais bizarras imagináveis, para explicar porque a teoria, e ideia de classes sociais é capaz de explicar tudo. O que é a razão para marxistas hoje praticarem mais teorias da conspiração, e loucura do que analises sérias de dinâmicas, e eventos históricos.

Marxismo

 Algo surpreendente, é que eu diria que marxistas estão sim corretos, em sua descrição das consequências, e de muitas características do que ocorreu na União Soviética após a revolução de 1917. Meu problema com a narrativas de marxistas ortodoxos sobre esses eventos é mais que eles esquecem de mencionar, muitas das causas do fracasso desse processo revolucionário, as quais constituem fortes objeções a muito desse projeto político?

Agora, marxistas acertam ao falar de dificuldades econômicas, e materiais do período, marcado por uma crise sem precedentes na Rússia, e também criticam de forma acertada, a burocratização, criação de hierarquias, e uma elite do partido, com enormes poderes, no período pos revolucionário. O que eles esquecem de explicar é porque essa elite surgiu, e porque tal grupo de burocratas e membros do partido ganharam tanto poder, assim como uma das causas preponderantes para o estado econômico do país.

Porque marxistas não querem tocar no fato que Lenin, e os revolucionários claramente estavam tentando destruir as instituições de mercado, planejar a economia, abolir moeda, circulação, e propriedade privada no país? As politicas de estado da Rússia passavam por literalmente inflacionar a moeda, para diminuir seu valor e utilidade. A nacionalização de toda a indústria, maiores empresas do país, a destruição dos bancos, e do regime bancário nacional. Uma tentativa de substituir mercados por planejamento, direção administrativa e coordenada diretamente por governantes, em todos os setores e esferas econômicas. Isso é o que Lenin tentou realizar logo após a revolução, com seu comunismo de guerra.

Então de onde surgiu a burocracia, nova elite do partido com enormes poderes e controle sobre a classe trabalhadora? Ela é diretamente um resultado desse planejamento, a consequência logica de tentar destruir as instituições de mercado, e a substituir por uma economia de controle, e poder administrativo. Com o fim de mercados, e do sistema de preços, foram burocratas, políticos e administradores públicos que passaram a ocupar o poder, tomar decisões de produção, criar o plano, instituições e características de toda a produção. Planejamento da economia necessariamente significa essa centralização, controle econômico de uma minoria de responsáveis pelo plano, e por todas as decisões que toda a sociedade tem que seguir. E tal só pode ser mantida por meio da burocracia, utilização de coerção sobre o indivíduo, e criar uma conformidade de todos, a um único plano e projeto que supostamente representa a vontade geral.

Porque durante os anos seguintes a revolução, miséria, crise econômica crônica, e destruição social foram as regras na União Soviética? Essa falta de coordenação, qualquer organização racional produtiva não é o resultado das guerras, nem mesmo da guerra civil pela qual o país passava pelo período. Mas sim a literal consequência de uma politica de governo que buscava abertamente destruir todos os aspectos do sistema de mercado, sob o qual todos os países do mundo funcionam. Lucro, moeda, o sistema bancário, as empresas, firmas, toda a ordem de concorrência, e sistema de mercados eram o que os revolucionários queriam destruir. Logo a politica do país literalmente atuava, para minar e subverter as bases pela qual mercados funcionavam, vendo nisso um passo necessário para a destruição do capitalismo.

Esse fenômeno, a estatização de toda a indústria, o fim do sistema bancário, literais medidas que queriam usar inflação não como mecanismo de financiamento do governo, mas para destruir o valor da moeda, e sua utilização. Na realidade tais medidas foram economicamente até mais destrutivas que a primeira guerra, e a guerra civil, algo que marxistas adoram ignorar. A maior prova que essa foi a causa para a crise econômica da União Soviética, é que o próprio Lenin reconheceu que tais medidas eram insustentáveis, e as reverteu por meio da Nova Econômica Política, e admitiu que tal período foi marcado por um fracasso de políticas para a transição ao socialismo. Por sinal o insucesso foi tamanho, que muitas dessas medidas nunca mais foram tentadas nem por ditadores como Stalin, no auge de seu poder.

Enfim, meu ponto é que tanto burocracia, hierarquias, e uma nova elite dirigente, quanto o colapso econômico são consequências logicas do projeto politico marxista. E que uma real economia participatória, com real escolha dos trabalhadores e prosperidade econômica dificilmente pode resultar das ideias de planejamento que muitos socialistas advogam.

 


Liberalismo social

 O caso contra o liberalismo neoclássico.

O liberalismo neoclássico é provavelmente uma das áreas conceitualmente mais interessantes do movimento liberal. Tal consiste em uma tentativa de fundir o liberalismo clássico, do século 19, com sua variante, o liberalismo igualitário moderno, tentando apresentar uma defesa tanto de liberdades econômicas, propriedade privada, e direitos individuais, que liberais clássicos enfatizam, quanto da justiça social e liberdades positivas, que são importantes para liberais igualitaristas.
É definitivamente um projeto interessante, o de demonstrar como liberdades econômicas são na verdade uma questão de enorme importância, para a realização de justiça social. Mas eu acredito que existe um problema fundamental nessa forma de enxergar as pautas do movimento liberal? Pois a partir dela os princípios do liberalismo se encontram em conflito? Existem enormes diferenças e conflitos entre os dois princípios, logo a justiça social termina por moderar a liberdade econômica, e a liberdade econômica termina por moderar a justiça social.
Eu acredito que essa é uma apresentação é um problema por duas questões? Primeiro por promover a noção fundamentalmente errada, que as desigualdades, dificuldades para realização de justiça social, o domínio de elites e classes, é um resultado de liberdades econômicas não reguladas, ou moderadas? Quando ao se olhar a história se enxerga precisamente o contrário. O livre mercado é o grande mecanismo que possibilita a justiça social, a melhora da qualidade de vida, e condições de absolutamente todos. Já governos são a instituição da defesa do privilegio, das elites, de grupos de interesse e pessoas mais organizadas em detrimento de toda a sociedade. Se existe algo em enorme medida conflitando com causas, e princípios da justiça social, isso com certeza não é o livre mercado. Mas sim um enorme grupo de intervenções e distorções governamentais, que hoje são a regra das sociedades no mundo todo.
O outro problema é acreditar que é possível a existência de uma organização, capaz de regular mercados, restringir direitos, e organizar toda a sociedade de modo a atingir os princípios da justiça social? Os resultados de governos, e do liberalismo igualitário nessa linha tem sido decepcionante para dizer o mínimo. Governos enormes que interferem em toda a sociedade são a norma hoje, no entanto não estamos minimamente próximos de realizar quase nada da pauta de igualdade substancial, ou justiça social.
Eu concordo com os neoclássicos que enormes desigualdades importam, que a justiça social, melhores condições de vida, e a situações dos mais pobres, tais são pautas e questões essenciais para o movimento social. Mas minha resposta para esses problemas é defender de forma absoluta, não moderada ou restringida, livres mercados, o combate e diminuição do estado. Pois eu vejo na liberdade o real combate a privilégios, o destruidor de desigualdades, aquilo capaz de nos tornar mais prósperos, e iguais de uma forma substancial. Logo mantenho minha defesa absolutista do livre mercado.

Tecnocracia

 

Contra a tecnocracia.

Então, tecnocracia, o governo dos técnicos e especialistas. Eu acredito que é uma péssima ideia, deixar a administração da sociedade, a tomada de decisões nas mãos de um pequeno grupo dos superinteligentes e bem informados cientistas. Com certeza a ideia encontra enorme apelo, e traz a noção que tal é a única forma de organização realmente cientifica, e racional da sociedade. Afinal qual é o problema, em deixar os experts, donos do maior conhecimento e informação, escolherem aquilo que funciona, e traz benefícios para todos?

A real falha nessa perspectiva é que ela não entende o real caráter, e natureza do processo cientifico, e como tal alcança aquilo mais próximo a verdade. Porque ciência não é o conteúdo, ou objeto de apenas um pequeno grupo de especialistas, os quais contém todo o conhecimento, e respostas para as maiores discussões? Mas a ciência principalmente evolui por meio de um processo, ela é um método discursivo, e participatorio de uma comunidade.

Discussões, problemas, e hipóteses apenas são estabelecidas por meio de discussão, debate amplo, e formação de consenso, por parte de toda uma comunidade, e grupo enorme de praticantes de um determinado ramo. Teorias, testes da verdade, e respostas cientificas, apenas ganham sentido, e valor caso estejam integrados nesse processo.

Logo os problemas de se almejar um governo de especialistas, vem de duas formas. O primeiro problema é que os técnicos, e cientistas que comandarem planejamento de toda a sociedade, tem acesso a muito menos conhecimento, e saber, que aquele acessado, e debatido por toda a comunidade cientifica. A organização cientifica da sociedade, será limitada ao conhecimento daqueles que participarem, e diretamente elaborarem o plano.

A segunda questão, é que as decisões dos tecnocratas, ao administrarem a sociedade, necessariamente são algo que se encontra fora do processo pelo qual conhecimento cientifico valido é produzido. Isso é, tal não segue o processo de livre discussão de ideias, abertura a questionamento, debate, possibilidade de discutir e contestar qualquer coisa. O tecnocrata literalmente não pode acertar cientificamente, pois ele não está sujeito a qualquer consenso, ou método para se alcançar a verdade. Ele é literalmente o planejador central, o qual pode forçar suas decisões, independentemente da participação, vontade, ou discussão dos outros.

Tecnocracia, e o governo dos experts não fracassaram por ideologia, ou por erros específicos de alguns planejadores, e administradores. Mas sim porque tais representam uma visão errada sobre conhecimento, ciência, e a realidade.

 

China

 Então, os fracassos do regime soviético, e das tentativas de transição ao socialismo trouxeram algumas críticas e perspectivas novas ao projeto do movimento socialista, de realizar planejamento econômico. Duas alternativas, ao sistema de planejamento central por meio do estado, que os soviéticos principalmente realizaram, apresentam questões teóricas interessantes.

A primeira parte da linha que o problema em previas tentativas de planejamento central, estaria em seu caráter centralizante. É impossível planejar uma economia em escalas nacionais, como a União Sovietica, em razão da inerente complexidade e problemas de conhecimento que planejadores encontraram nessa tarefa. No entanto é possível realizar um planejamento local, descentralizado, sobre toda a economia a partir de pequenas comunidades e grupos. O aspecto localizado e descentralismo dessa forma de organização permitiria melhor acesso a informação, e conhecimento por parte de planejadores locais.
Já a segunda critica principalmente aponta para o caráter hierárquico, e não participativo das formas de planejamento e organização econômico, em países socialistas. Os exemplos de planejamento principalmente falharam, pois foram planos efetuados de cima para baixo, por um pequeno grupo de elites, e planejadores, os quais ignoraram completamente as demandas e necessidades da sociedade e dos trabalhadores ao organizar a economia. Logo a base para conseguir uma forma de planejamento funcional, capaz de organizar a economia, é que o plano seja realizado em conjunto por toda a sociedade, por meio do mais amplo diálogo, discussão e escolha democratica sobre suas características. E esse processo de dialogo seria capaz de gerar o conhecimento, e informação, para um novo método de organização e coordenação econômica.
Agora, eu sou um forte apoiador de descentralismo, participação da população e dos envolvidos em decisões econômicas, e eu acredito que essas críticas levantam pontos importantes sobre planejamento econômico. Mas eu ainda não acredito que a alternativa descentralista, ou a ênfase em participação resolvam os reais problemas de cálculo econômico e utilização da informação.
Porque tais alternativas ainda partem da proposta de planejamento compreensivo, e completo da organização econômica. Ou seja, tais envolvem a abolição de mercados, do sistema de preços, do uso de moeda, e da propriedade como mecanismos de coordenação. Tais desejam seja de forma descentralizada ou não, abolir a anarquia da produção capitalista, por sistemas realmente deliberados, racionais e conscientemente escolhidos por comunidades, de produção e economia.
E isso é completamente impossível. Coordenação, e atuação econômica depende da produção de tipos específicos de informação. De preços que realmente sinalizam a oferta e demanda de produtos e serviços para todos os agentes econômicos. Não importa qual seja o sistema econômico, você ainda precisa de um sistema capaz capturar, e transmitir as valorações e fins de todos os consumidores em relação a produtos e serviços. E você precisa de um mercado sobre meios de produção, para que as valorações de consumidores sejam expressas na estrutura do capital.
Preços, moeda, e mecanismos de mercado, exercem uma função insubstituível de transmissão de informação, os quais são os grandes indicadores que todo produtor utiliza, para escolher modos de produção eficientes, entre todas as alternativas tecnológicas, e técnicas.
Muito desse conhecimento literalmente não pode ser expresso em planos, ou mecanismos racionais para ordenação econômica, uma vez que tal se encontra de forma disperso por toda a economia, e é um conhecimento tácito, o qual absolutamente nenhum agente, ou participante da econômica tem acesso? Absolutamente ninguém tem o conhecimento de questões, e aspectos fundamentais para o funcionamento e alocação econômica da sociedade, logo como é possível deliberar, planejar e expressar tais pontos em um plano.
No fim ambas as alternativas de planejamento falham por não compreender funções e aspectos insubstituíveis de mercados. Como eles são não apenas um mecanismo descentralizado de coordenação economia, mas um grande produtor e transmissão do conhecimento, que uma economia precisa. Mercados também funcionam em uma base de diálogo, escolha e manifestação dos envolvidos sobre questões econômicas, os quais absolutamente nenhum planejamento pode recriar.

Lucro

 Mesmo que você acredite que lucro não serve nenhuma função social, ou informacional na produção, e é um roubo que capitalistas extraem dos trabalhadores.

Imagina achar que ter o estado gerindo todas as empresas não imporia um custo e prejuízos de ineficiência absurdamente superiores aos lucros quanto a todos os setores, e renda de trabalhadores.

Custos

 Governos não entendem que publicar os custos, e manter absurdos registros e intermináveis agencias, isso não serve para fiscalizar ou controlar absolutamente nada do gasto de dinheiro publico.

O que mantem a honestidade, e confiança nos custos, e retornos de empresas privadas, é que elas sofrem ameaças de prejuízo, e estão o tempo todo buscando o lucro, e retorno para seus investimentos.
Uma empresa privada pode mentir em um registro o quanto quiser, mas a necessidade do lucro, e a ameaça de falência é algo inescapável, e grande padrão pela qual empresas privadas são avaliadas.
E é exatamente essa avaliação que sujeita empresas a um controle, e dever de honestidade, e retorno para investidores, que empresas publicas não podem replicar.

Contrato social

 Pessoas adoram zoar a ideia do contrato social, mas eu acredito que esse conceito mostra o maior avanço, e a real contradição do liberalismo.

A ideia de que a única forma justificada de governo é um contrato, um ato de vontade e expressão de desejo dos cidadãos, representa um enorme avanço em relação aos governos justificados divinamente, ou por hierarquias naturais anteriormente.
Mas o real defeito nessa definição, vem do fato que o contrato social não realmente é um contrato, e tal por sua própria natureza não pode permitir, ou dar liberdade para sua própria revogação ou mudança pelos indivíduos.

Calculo economico

 A melhor resposta dos comunistas ao problema do calculo econômico, é admitir sua validade, e buscar mudar profundamente a natureza da economia.

Se você simplificar a economia, sistema de produção e distribuição a um nível absurdo, e desistir de ter um sociedade industrial tecnologicamente avançada, é possível realizar planificação, e organização econômica deliberada.
A solução para o problema da complexidade, fluxos de informação, e tecnologias, que apenas podem ser processados por meio de mercados e cadeias complexas, é abandonar tudo isso.
Ou seja uma sociedade comunista seria um fazendão comunitário, com complexidade econômica e tecnologias de épocas remotas, e com pouquíssimo potencial e capacidade de desenvolvimento.
Se essa é sua ideia de liberdade eu admito que ela é completamente possível e realizável, eu só considero isso tudo um pavor.

Descentralismo socialista

 Eu sempre encontro uma contradição insuperável na tradição socialista, entre a ideia de planificação, uma única organização capaz de organizar e planejar toda a economia, com o ideal profundamente democrático, e descentralista de participação popular e dialogo. O problema é precisamente pensar como esse único plano que iria coordenar e organizar todas as decisões de produção e economia, pode ao mesmo tempo manter um caráter descentralista, que permita real participação da população, um diálogo e formação de consenso.

A ideia do único plano, a abolição de concorrência e divisão, e o surgimento de uma única arena de decisão coletiva, aponta para um caráter altamente centralista e autoritário. Já a esquerda jura que esse plano teria um caráter democrático, e traria enorme possibilidade de escolha.
A enorme maioria das tentativas de resolver essa tensão são absurdas, como a ideia que a democracia seria limitada a eleger representantes, e um grupo de tecnocratas os quais elaborariam um plano e organizariam toda a economia. Isso é, criar uma ditadura de técnicos muito mais autoritária que qualquer regime histórico, cujo único caráter popular seria representativo. Ou a brilhante ideia de decidir por democracia direta e intermináveis assembleias, todos os assuntos e plano econômico. Ou seja, decidir tudo por votos de popularidade, e os métodos mais ineficazes e lentos imagináveis.
O fracasso do socialismo real em enorme medida expressa essa tensão, e incapacidade de expressar essa grande participação popular, e democracia, por meio de planos e planejamento econômico.

For Takver

Ancoms não são anarquistas.

  Marxistas e ancoms todos tem a pior ideia possível, de síntese entre a sociedade civil, e o estado. Tais não são estatistas em um sentido ...